Por Rodolfo Marques
Simbiose: essa palavra pode definir o atual status da relação entre o Paysandu Sport Club e o treinador Hélio dos Anjos. Após à vitória contra o Náutico, por 4 a 2, na Curuzu, de virada, neste domingo (13), e uma potencial classificação aos quadrangulares do acesso na Série C 2023, a relação entre o clube e o técnico parece um casamento cada vez mais consolidado.
Hélio assumiu o Paysandu após à demissão de Marquinhos Santos. O anúncio foi feito no final de junho. Marquinhos teve um desempenho pífio em sua segunda passagem pelo Papão – e foi dispensado após à derrota bicolor, de virada, para o Botafogo-PB. Hélio dos Anjos colecionava duas passagens anteriores pelo Paysandu, em 2002 e entre 2019 e 2020, sempre com bons resultados.
O experiente treinador mineiro conseguiu fazer história em vários clubes, com destaque no Goiás (cinco períodos), em vários times nordestinos em uma breve passagem pelo Vasco. Mas parece que o “casamento” com o Paysandu é a relação que traz mais momentos bons para ambos os lados.
Quando assumiu o time bicolor, a equipe flertava com a zona do rebaixamento à série D e foi derrotado pelo Brusque (2 a 0), na Curuzu, em 01 de julho de2023. Dos Anjos diagnosticou a crise técnica do time e viu a necessidade de “suar sangue” para a recuperação física do elenco. Passou a trabalhar intensamente para o Paysandu se reequilibrar – lembrando que o planejamento realizado pela diretoria foi desastroso em todos os níveis, com mais de 40 contratações, eliminação para o Águia na semifinal do campeonato paraense, e goleada sofrida para o Ypiranga, na série C, por 5 a 0, somente para citar alguns episódios.
De toda sorte, os poucos pontos positivos existentes até então no Paysandu passaram a ser potencializados pela nova comissão técnica. Hélio faz o estilo “paizão”, combinando compreensão dos jogadores com muita exigência.
Além das duas passagens anteriores pelo Paysandu, contou ponto a favor de Hélio dos Anjos o fato de ele ter recusado assumir o comando técnico do grande rival bicolor, o Clube do Remo, algumas semanas antes. O Remo acabou contratando o treinador Ricardo Catalá, que fez uma campanha bem melhor que seu antecessor Marcelo Cabo, mas insuficiente para recuperar o time a ponto de classificá-lo para os quadrangulares do acesso.
A parceria Hélio dos Anjos e Paysandu, em sua “terceira fase”, apresenta os seguintes números: 4 vitórias, 2 empates e 1 derrota. Com 14 pontos marcados em 21 possíveis (ou 2/3 de aproveitamento), o Papão marcou, sob o comando do mineiro, 10 gols, sofrendo 7. O Paysandu continua com uma das defesas mais vazadas do campeonato, mas são indiscutíveis a reorganização defensiva, o maior poder de fogo no ataque e equilíbrio físico.
O Papão, efetivamente, voltou a competir e, com 26 pontos após 17 rodadas, tem chances muito concretas de disputar o acesso no quadrangular decisivo, algo inimaginável há 40 dias, por exemplo.
Hélio dos Anjos também detém uma marca impressionante quando se trata do clássico Rei da Amazônia. Já participou de 11 edições do clássico (dois pelo Remo e nove pelo Paysandu) e nunca foi derrotado. O último, na Série C 2023, ocorreu em 24 de julho e, mantendo a escrita, o Papão venceu o rival por 1 a 0, com gol de pênalti marcado pelo atacante Mário Sérgio.
Dessa forma, como a história está sendo escrita e é constantemente reescrita, é impossível prever o futuro. Todavia, olhando o passado, é possível afirmar o sucesso do casamento entre Paysandu e Hélio dos Anjos.
Certamente, o técnico mineiro já entra no panteão dos 10 mais importantes comandantes do clube em todos os tempos, em um cenário que inclui nomes como Givanildo Oliveira (o maior de todos os tempos), Juan Álvarez, Floriano Rodrigues, Gentil Cardoso, Carlos Castilho, Dario Pereyra, Joel Martins, João Avelino, Tata e, mais recentemente, Dado Cavalcanti (embora haja algumas opiniões controversas em relação a ele).
E, para o torcedor bicolor, há esperanças de que esse casamento com Hélio dos Anjos possa render ainda mais “filhos” (acessos e novas taças).